A Frente Cumbiero traz o calor da cumbia ao Rio

Mario Galeano (segundo à direita) e o grupo colombiano, que toca domingo na cidade

A Frente Cumbiero não é fria. Vinda da Colômbia, a banda liderada por Mario Galeano é uma onda de calor tropical, que chega neste domingo à cidade, trazendo o bafo quente da cumbia para esquentar o nosso inverno. Com um álbum (“Frente Cumbiero meets Mad Professor”, de 2016) e diversos singles lançados, além de participações em trilhas-sonoras e colaborações com grupos como o Kronos Quartet (no projeto “50 for the future”), a Frente – junto com a banda irmã Ondatrópica e o supergrupo Systema Solar – leva o tradicional ritmo colombiano ao infinito e além.

Aproveitando os bons ventos que trazem a banda à cidade, pela primeira vez com sua formação completa (Galeano já esteve por aqui como DJ e junto com o Ondatrópica), hoje em São Paulo, sábado em Goiânia e domingo no Rio, no Galpão Ladeira das Artes, ao lado de Ava Rocha, bati um papo rápido com Galeano sobre a natureza das coisas.

Como sul-americano, qual sua visão do Brasil?

Mario Galeano – Uma potência tropical com uma miscigenação poderosa, assim como a Colômbia

Por que ainda existe esse abismo cultural entre o Brasil e seus vizinhos su-americanos? Por que artistas brasileiros e sul-americanos ainda dialogam tão pouco? 

Galeno – Minha opinião é que o Brasil, pelo seu tamanho e sua história, é autossuficiente em assuntos tropicais. Por isso, parece olhar apenas para o próprio umbigo e não ver muito o que está ao seu redor. Creio que nós, seus vizinhos, sabemos mais sobre o Brasil do que o Brasil sabe sobre nós.

No momento em que o presidente da maior potência mundial faz uma campanha de ódio contra imigrantes latinos, qual a importância de seguir divulgando a cultura musical da região pelo mundo?

Galeano – Acho que as bandeiras da música local são, hoje em dia, uma forma de resistência frente a ditadura cultural anglo-saxônica.

Para você em particular, como foi participar do projeto “50 for the future”, do Kronos Quartet? Como foi sair um pouco dos ritmos tropicais e trabalhar próximo ao som clássico?

Galeano – Foi uma experiência muito interessante porque eles queriam que eu mantivesse a estética tropical, adaptada ao seu formato icônico do quarteto de cordas. Assim como pode-se tocar Bach com um pífano, é possível tocar cumbia com um cello.

Pode indicar alguns nomes da nova música colombiana que devemos prestar atenção no Brasil?

Galeano – Recomendo Romperayo, Sonora Mazuren, Meridian Brothers, La Boa e Los Pirañas.

Foto de divulgação