Flying Lotus, ontem, hoje e no dia depois de amanhã

A sinfonia de ruídos, beats e texturas cósmicas de Flying Lotus chega ao RJ hoje, pela primeira vez. E ainda tem Radiohead, de bônus

Hoje, como todo mundo sabe, tem Radiohead fechando para Flying Lotus, no Soundhearts Festival, naquela arena distante na Barra, onde os fracos não têm vez.

É o primeiro show no Rio do genial músico, produtor e cineasta norte-americano, que “atomizou o hip-hop”, como disse alguém viajando legal. Mas não é a estreia dele no Brasil. Em 2011, numa noite fria de agosto, Flying Lotus fez seu “debú” oficial por aqui, no Festival Metanol Mix, no Sesc Belenzinho, em São Paulo. Foi a primeira das três vezes em que vi Flying Lotus ao vivo. E que beleza de noite.

Com a ajuda do supremo baixista Thundercat, ele tocou as músicas hipnóticas e cinematográficas dos álbuns “LA” e “Cosmogramma”, numa incrível sinfonia de ruídos, beats e texturas cósmicas. “Gosto de pensar que organizo partículas musicais suspensas no espaço”, me disse ele, voando alto, em entrevista ao “Globo” naquele mesmo ano.Depois do show, Flying Lotus e Thundercat desceram do palco e ficaram conversando com o público, tranquilos e sem afetação alguma.

De lá pra cá, Flying Lotus, sobrinho de Alice Coltrane, cresceu e cresceu muito, junto com suas dreads. Lançou um disco melhor do que o outro, fez trilhas para diversos filmes (como o subestimado “LoveTrue”, de Alma Har´el, além do curta de animação “Black out 2022”, que antecede “Blade Runner 2049”, e do recente sci-fi “Perfect”, produzido por Steven Soderbergh), participou de álbuns seminais como “To pimp a butterfly”, do premiado Kendrick Lamar, dirigiu o provocador filme “Kuso” e ainda usou sua gravadora, Brainfeeder, como plataforma para o lançamento de artistas como Kamasi Washington. Virou, enfim, um dos artistas mais inovadores e instigantes em atividade, dourando uma pílula com soul, jazz e hip-hop, perfeita para tempos de Black Lives Matter, nos EUA e em toda a parte (no Brasil de Marielle Presente, inclusive)

Por conta de todas essas lembranças, do show de hoje à noite e da iminente passagem de Thundercat pela cidade (ele toca no Circo no dia 10/05), colei umas fotos tosquinhas que fiz naquela noite de 2011 em uma galeria, em exibição aqui. O foco é psicodélico, como a música de Flying Lotus.

E boa viagem mais tarde. Aproveitem para curtir o Radiohead também.

Foto de divulgação. As demais, la garantia soy yo.