Ondatrópica esquenta o baile

Com dois álbuns lançados, o grupo que toca hoje no festival Mimo une tradição e modernidade da música da Colômbia.

O ciclismo deu à Colômbia sua única medalha de ouro nas Olimpíadas de Londres, em 2012. Mas a competição proporcionou também um outro brilho para o país. Foi durante a sua programação cultural que o projeto Ondatrópica debutou com um disco homônimo, gravado em Medellin. Espécie de Buena Vista local, ele reuniu um time de 40 veteranos e novatos da música colombiana, capitaneados pelos produtores, DJs e pesquisadores Mario Galeano (do grupo Frente Cumbiero) e Will Holland (britânico, radicado em Cali, mais conhecido como Quantic). “Uma fantástica mistura de cumbia, champeta, hip-hop e funk”, declarou David Katz, da BBC.

Só um pouco mais econômica, a nova etapa do projeto reúne 35 craques colombianos no álbum “Baile bucanero”, gravado entre Bogotá e a Ilha da Providência, lançado este ano. Ao longo de suas 15 calorosas faixas (entre elas, “Hummingbird”, do vídeo abaixo), Galeano e Holland aprofundam o mergulho nas raízes musicais do país, sem perder o frescor e atualidade.

– O projeto sempre esteve centrado em torno do disco de vinil, que simboliza as gravações feitas na Colômbia nos anos 60 e 70, um rica herança do país, que nunca foi bem explorada fora de suas fronteiras – conta Holland, que conduz o Ondatrópica, hoje, às 22h30m, no festival Mimo, na Marina da Glória. – Em “Baile bucanero”, tentamos nos aprofundar em nossas pesquisas e, ao mesmo tempo, atualizar tais sonoridades. E gravar parte do disco na Providência, que fica no Caribe, abriu novas possibilidades para o Ondatrópica, principalmente na conexão com o reggae e o dub, sons que eu e Galeano gostamos muito.

Como vocês escolheram os músicos para esse novo trabalho? Qual foi o critério de seleção?

Will Holland –  O critério se manteve o mesmo: tocar com artistas de diversos estilos, ambientes e gerações.  Nas gravações em Bogotá e na Providência, pudemos nos aproximar de músicos dessas duas regiões, que não puderam participar do primeiro trabalho. Além disso, mantivemos a base que nos acompanhou nas extensas turnês do primeiro disco, que inclui o saxofonista Michi Sarmiento, o vocalista Markittos Micolta, o baterista Wilson Viveros e o percussionista Freddy Colorado.

“Baile bucanero” teve excelentes críticas na Europa e nos Estados Unidos. Mas como o disco foi recebido na Colômbia?

WH – Foi bem recebido por aqueles apaixonados por música. Mas o mainstream não deu muito apoio. Imprensa e rádio parecem mais interessados em sonoridades pop , em coisas mais suaves. Na Colômbia, o maior apoio que tivemos foi de rádios estatais, como a Nacional, e redes universitárias. Recebemos também um grande apoio pela internet.

Como sente a recepção do Ondatrópica no Brasil com esses dois álbuns?

WH –  Costumo viajar regularmente ao Brasil e sinto um interesse renovado pelos ritmos tropicais, seja cumbia, salsa, mambo etc. Acho que é um bom momento de aproximação entre o Brasil e seus vizinhos.

(Foto de divulgação)