Bangarang Sound System faz aniversário acendendo 11 velas para as raízes do reggae

O Bangarang SS vai de Kombi: circulando com os ritmos jamaicanos, via compactos, desde 2006

No Bangarang, o reggae é só no sapatinho. Ativo desde 2006, o sound system dos selectas Livio Santos, Daniel Juca e Leo Flores faz da velha escola da música jamaicana o seu cartão de visitas. A bordo de uma Kombi adaptada, onde carrega suas caixas e sua coleção de vinis (compactos, na maioria), o trio vem circulando pela cidade e além, despejando ska, rocksteady e formas pioneiras do reggae, como o toast, seja abrindo um show no Circo Voador, num sarau na CUFA (Central Única das Favelas), em Madureira, numa festa em Cabo Frio ou num baile de rua em Trindade (Paraty).

– Na rua é sempre imprevisível – conta Juca. – Tem de tudo: o vizinho chato, o playboy e o morador de rua, que se acaba dançando. É quando ficamos mais próximos da cultura sound system mesmo.

Aproveitando as próximas paradas do Bangarang – tem evento amanhã no Leão Etíope do Meier, a partir de 16h, e festa com o cantor jamaicano Purpleman, no dia 26, no Ganjah Lapa -, pedi ao trio que listasse e comentasse onze músicas marcantes desse período. Deu nisso aqui:

1) “Chase the devil” – Max Romeo – “Um hino da música jamaicana que dispensa apresentações. Há também inúmeras versões do riddim pelo mundo, inclusive em remixagens eletrônicas.”

2) ‘Devil” – Max Romeo – “Foi nossa primeira dubplate com um artista importante jamaicano. A letra exclusiva se encaixou tão bem no riddim que praticamente nem tocamos a original no baile.”

3) “You make me so very happy” – Alton Ellis – “Clássico do soul, gravado por vários artistas da Motown, mas quem é apaixonado pela música jamaicana sempre vai preferir as versões dos artistas de lá. E não poderia ser diferente numa das vozes mais marcantes da era rocksteady.”

4) “Smile” – Silvertones – “Outro som que não falta nos bailes. Seja já puxando mais pro roots, seja na versão original dos Silvertones, ou de outros cantores, o riddim sempre dá aquele levante no público.”

5) “Build my world” – Slim Smith – “Slim Smith tá presente em diversas versões e em vários momentos das festas, em especial nas versões de rocksteady. Apesar de já ser batida, “Build my world” não tem como ficar de fora. Ela não deixa a galera parada.”

6) “Skinhead a bash them” – Claudette and the Corporation – “Apesar da artista ter pouca notoriedade em comparação com outros artistas jamaicanos da época, esse tune se tornou um clássico de um estilo também pouco conhecido e que ainda causa espanto aos leigos: o skinhead reggae”.

7) “Taking over Orange Street” – Glenn Adams – “Clássico rocksteady lançado no final dos 60, naquela vibe da época, com os backing vocals cantando em toda a extensão da música “Ooooorange Street” enquanto Glenn Adams faz um estilo deejay, falando e dando uns gritinhos. Tune presente em todos os bailes”.

8) “Let´s rock” – Justin Hinds – “Os maiores clássicos dessa figura, com certeza, são da era ska. Mas decidimos escolher uma outra música dele, também presente em quase todas as festas. Com metais marcantes e ritmo pra cima, “Lets ´rock” tem uma pegada mais roots, daquela que os maranhenses curtem pra dançar agarradinho”.

9) “ChiChi bud’ – Max Romeo – “Clássico de 1971, lançado pelos selos Impact (Jamaica) e Punch (UK). Apesar da letra não ser muito compreensível, relacionada a pássaros jamaicanos, o ritmo é contagiante, com um baixo marcante. O riddim foi remixado diversas vezes, até os dias atuais por novos artistas, mas original é original.”

10) “Eu não sou bobo (dubplate) – Mateus Pinguim – Num dos bailes das antigas, no saudoso Varandas da Lapa, o irmão e MC Mateus Pinguim pegou o mic pra fazer um freestyle no riddim da “Chi Chi bud”, que citamos acima, e no improviso substituiu o refrão original pela frase: “Não sou bobo, prefiro curtir uma Bangarang”. Caiu no gosto do povo, mas somente uns seis ou sete anos depois que resolvemos gravar e prensar a versão em vinil”.

11) “Tenement yard” – Jacob Miller – “Pra finalizar a lista, mais um hit, batido, conhecido e apreciado por todo amante do reggae. Jacob Miller dispensa qualquer apresentação! Roots and culture!”

(Foto de divulgação)