Resenhas miúdas: Las Robertas, Zé Bigode e Les Amazones d´Afrique

De San Jose, Costa Rica, vem a onda boa do Las Robertas: surf-music com a cabeça mergulhada nos anos 60

“Waves of the new” – Las Robertas

O mar não tem cabelo, já alertava Dona Iara, por isso cuidado para não entrar em onda errada, como essa do título do terceiro disco do Las Robertas, por exemplo. O som do grupo costarriquenho – uma robusta surf-music, salgada de fuzz e com uma doce levada retrô – está longe de ser novo, mas ainda assim desliza bem nos ouvidos, graças às manobras perfeitas de Mercedes Oller (voz e guitarra), Sonya Carmona (baixo) e Fabrizio Dúran (bateria). Tem até uma música chamada “Alto astral”, fruto da amizade do trio com os Boogarins.

Cotação: tri-quilha.

“Fluxo” – Zé Bigode

No seu primeiro trabalho, o afiadíssimo grupo instrumental carioca, liderado pelo músico homônimo, mostra sua exclusiva fórmula afro-latino-soul-funk-samba-gafieira-jazz. Passear pelas oito faixas do disco, impecavelmente executadas, é esbarrar em Fela Kuti, Oberdan Magalhães e Severino Araújo , todos personalizados com o bigode do Zé. Recomendável para as domingueiras voadoras de todos os dias.

Cotação: Patente alta.

“Republique Amazone” – Les Amazones d´Afrique

Senhores, um passinho atrás, faz favor. O vagão das amazonas africanas está passando na pista principal. Supergrupo formado por 12 cantoras e instrumentistas do continente (entre elas, Angelique Kidjo, Mariam Doumbia e Nneka), o Les Amazones d´Afrique estréia em álbum de forte discurso feminista, numa região onde elas sofrem toda forma de abusos. Varão solitário na empreitada, o produtor Liam Farrel (Doctor L) ajuda a manter a eletricidade dos ritmos, num disco com mais subidas do que descidas.

Cotação: três flechas.

(Foto de divulgação/David Barajas)