As rimas amplificadas de Jota 3
Reggae bom é reggae vivo. Apoiado em gigantes como Sly & Robbie e Twilight Circus , o cantor e MC Jota 3 – nascido no Rio, criado em Vitória – dispensa clichês moribundos e deixa a herança militante do gênero fluir, forte e pulsante, em “Amplificado por Digitaldubs”, seu quarto álbum solo, lançado hoje. O título faz referência ao papel “catalisador” que a equipe de som carioca – Marcus MPC à frente – teve no disco, gravado entre RJ, Birmingham (Reino Unido) e Kingston (Jamaica).
Foi MPC quem enrolou perfeitamente o material produzido por Jota 3 em parcerias com B Negão (na fumaçenta “Flores e ervas”) e com a dupla inglesa Groove Corporation (na desafiadora “Não corte seus dreadlocks”). Já “Positivo e operante” tem a marcação forte e inconfundível de Sly & Robbie – bateria e baixo mais cascuda do reggae – e produção de Twilight Circus (o canadense Ryan Moore).
– Acho que essas participações são o resultado de uma intensa vivência no mundo do reggae e dos sound-systems – conta Jota 3, que já morou em Londres e Birmingham. – Conheci o Marcus quando estava fora e ele me convenceu a voltar pro Brasil e vir pro Rio. Graças à direção dele, consegui conectar as ideias e as participações. É uma grande honra contar com Sly and Robbie nesse trabalho, minha cozinha favorita do reggae. E sempre curti muito as produções do Ryan Moore, que conheci através do MPC, quando tocamos juntos no One Love Festival 2013, em Londres. Sou grato pelo universo ter conspirado pra essas uniões acontecerem.
“Porque eles não sabem” (ao lado do MC Jeru Banto, seu parceiro de rimas no DD), “Balada do justiceiro” e “Tempo de revolução” (cujo vídeo traz imagens de protestos cedidas pela Mídia Ninja) reforçam o tom politizado do disco – que tem capa assinada pelos artistas gráficos mexicanos Gran OM & El Dante -, lembrando o poder transformador do gênero.
– A militância faz parte do reggae. O ativismo tá no DNA do Digitaldubs e do meu. Esse disco é uma espécie de chamado para a resistência, que busca também promover uma transformação interior. Acho que destacar esse lado espiritual é importante também – diz.
(Foto de divulgação/J. Vitorino)