Konichiwa ('Olá'), Tokyo Ska Paradise Orchestra

Konichiwa (‘Olá’), Tokyo Ska Paradise Orchestra

Skapara é um golpe japonês que atinge ao mesmo tempo os ouvidos, a cintura e os pés. Ele resume o trabalho – e o nome – da Tokyo Ska Paradise Orchestra, que toca hoje e amanhã no Vivo Rio, com a participação de Emicida. Formada em 1985, a grande banda de nove integrantes é faixa preta no sacolejante ritmo jamaicano e ao longo de três décadas de carreira acostumou-se a nocautear preconceitos em torno dele.

– O Japão tem uma tradição de pegar um ritmo estrangeiro e adaptá-lo. Foi assim com o rock, com o hip-hop e com a bossa nova. Não teria como ser diferente com o ska – diz o saxofonista Gamou, remanescente da formação inicial da banda, via Skype, com a ajuda de uma tradutora. – O ska nasceu na Jamaica, mas pertence ao mundo. Há ótimas bandas na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil. Da nossa parte, diria que cozinhamos o ritmo com nossos próprios ingredientes.

Mas que ninguém espere ouvir barulhos de videogames, flautas de bambu ou tambores taikô nos shows da Tokyo Ska Paradise Orchestra, promovidos pela Fundação Japão e que vão ter abertura de Vanessa da Mata e da cantora nipo-brasileira Marcia. Os ingredientes extra do grupo – que tocou no Coachella em 2013 – são apenas jazz e rock, acoplados com máxima eficiência aos compassos de ska. Tem sido assim nos mais de vinte álbuns lançados pela Skapara, desde sua estreia, em 1989, com um EP homônimo, até a recém lançada compilação “Seleção brasileira”, que reúne alguns de seus hits ao lado de “Olha pro céu”, regravação do standard japonês “”Sukiyaki”, feita há algumas semanas em São Paulo, com as rimas de Emicida e produção de Dudu Marote. Lançada pelo selo Radiola Records, o disco traz também uma versão instrumental de “Mas que nada”, de Jorge Benjor, e outra de “Ska me crazy”, do repertório da banda, feita com o Afroreggae.

– Foi uma boa surpresa descobrir que Emicida sabia algumas palavras em japonês, segundo ele, aprendidas de tanto ver animação japonesa e jogar videogames. Ele entrou bem no clima do ska, acrescentando alguns elementos de samba – conta o guitarrista Takashi Sato, que, como todos na banda, costuma subir ao palco em um impecável terno. – Gostamos de ficar elegantes. Temos um alfaiate que faz nossos ternos sob medida.

Sobre games, embora tenham gravado tema para duas produções (“Sly Cooper” e “Incredible crises”) Gamou e Sato garantem que os integrantes da banda não são muito chegados em controles e consoles.

– A exceção é o nosso percussionista (Hajime Oumori) – alertam os dois. – Enquanto estamos aqui falando, ele deve estar andando pelas ruas do Rio jogando “Pokémon go”. Esperemos tê-lo de volta antes do show.