O Young Gods está combinado com a Nação Zumbi

O Young Gods está combinado com a Nação Zumbi

Os relógios precisos, o chocolate saboroso, o queijo esburacado, os Alpes majestosos, o canivete de mil utilidades e um sólido sistema bancário (onde certos políticos brasileiros têm conta). A Suíça nos lembra isso. Nos ouvidos de alguns, lembra também o som áspero do The Young Gods, que toca hoje à noite, no Circo Voador, ao lado da Nação Zumbi. Mais de três décadas depois de se juntarem na cidade de Fribourg, os integrantes do grupo não são mais tão jovens assim, mas continuam sendo tratados como entidades do chamado rock industrial. Ou melhor…

– Prefiro chamar de rock eletrônico – me diz, por telefone, o vocalista Franz Treichler, um dos fundadores da banda, que tem também Cesare Pizzi (teclados) e Bernard Trontin (bateria). – Até entendo o significado de rock industrial, rótulo que nos marcou muito, mas acho que passa a impressão de algo duro.

Desde seu primeiro álbum, de título homônimo, lançado em 1987, as engrenagens do Young Gods rodam numa configuração que tem elementos de punk, metal, ficção-científica, música clássica, ambient e eletrônica. Eletrônica primordial, como lembra Treichler.

– Nossos primeiras gravações eram feitas com gravadores de quatro canais, na época caríssimos, e um sampler que hoje parece primitivo. Criávamos loops de guitarra e achávamos aquilo extraordinário. Hoje, quando vejo um programa como o Garage Band, disponível tão facilmente, fico imaginando que estávamos na Idade da Pedra.

A música do Young Gods, porém, não virou fóssil. De Bowie a Bono Vox, de Mike Patton aos Chemical Brothers, nunca faltaram nomes de diversas épocas saudando o grupo – famoso por shows em altos decibéis – como influência. Com a Nação Zumbi, a admiração é mútua e vem desde que se conheceram durante a primeira excursão da banda pernambucana à Europa, em 1995, ainda com Chico Science (1966-1997) à frente.

– Éramos para ter feito alguma coisa juntos na época, mas infelizmente Chico morreu e nossos projetos foram adiados – lamenta Treichler. – Mas nunca deixei de acompanhar o som do grupo. Meu pai é brasileiro, mora em São Paulo e não foi difícil seguí-lo.

Depois de uma semana de ensaios na capital paulistana, os dois grupos tocaram ontem, no Cine Joia, e repetem a dose hoje na Lapa, dentro do projeto A Suíça encontra o Brasil, ligado aos festejos dos 50 anos do célebre Festival de Montreux, onde acontece o derradeiro show, ao ar livre, no dia 9 de julho.

– Não vai ser um show de uma banda e depois o show de outra. Vamos tocar juntos, Nação Zumbi e Young Gods – avisa Treichler, que está editando um livro de fotos, colaborativo, sobre as três décadas do Young Gods – Estamos muito animados com a mistura de rock eletrônico e percussão que estamos criando.

PS: O blog tem dois pares de ingressos para o show de hoje à noite, gentilmente cedidos pela assessoria do evento. Para concorrer, favor deixar um comentário aqui, dizendo que lembrança a Suíça traz pra você e por que deseja ir ao show, seguido por email de contato. Obrigado. (Atualizando: promoção encerrada)

(Foto de divulgação)