
Não vai ter insônia, com os votos de Moby, Jeff Bridges e W. Basinski
Pra muita gente, a insônia tem sido o efeito colateral de acompanhar um país em convulsão política, com tanto barulho ruim vindo da capital. Mas para (quase) tudo tem remédio. Como a automedicação pela música está liberada, recomenda-se, por exemplo, o álbum “Long ambients1: calm. sleep”. Lançado recentemente por Moby, de forma gratuita, no seu site, o disco foi concebido, justamente, com a intenção de ajudar a meditar e relaxar, como sugere o autor. São quase quatro horas de música, sem batidas, só climas etéreos, construídos por delicados efeitos de sintetizadores e um ou outro piano ocasional. Não é a primeira incursão de Moby no universo popularizado por Brian Eno. O bom moço já tinha nos feito levitar com discos bônus como “Little idiot” (de “Animal rights”) e “Underwater” (de “Everything is wrong”).
Indicações: pesadelos com aquele deputado abominável.
Outra pílula sonora para ganhar o sono é o divertido “Sleeping tapes”, assinado por Jeff Bridges, o eterno “dude” de “O grande Lebowski”. Lançado em formato vinil (esgotado) e digital no ano passado, o álbum – cuja renda é revertida para a ONG norte-americana No Kid Hungry, que oferece merendas para crianças carentes – foi feito em parceria com Keefus Ciancia, autor da trilha sonora do seriado “True detective”. Ao longo de 15 surreais e encantadores temas, Bridges conta histórias, brinca com crianças, irrita a própria mulher e expira um longo “ommmmmmm”, tendo ao fundo barulhos de sinos, correntezas e grilos, que ele mesmo gravou.
Indicações: pesadelos com zumbis usando blusas da CBF
Por fim, há o emocional e já clássico “The disintegration loops”, de William Basinski. O disco foi criado sob o impacto dos ataques terroristas a Nova York em 11 de setembro de 2001, e lançado um ano depois. No fim daquele dia, no terraço de um amigo, avistando a fumaça vindo do local onde ficavam as Torres Gêmeas, Basinski, ligado à vanguarda musical da cidade, criou o primeiro dos loops que compõem o trabalho, totalizando duas faixas, uma com pouco mais de uma hora de duração e outra, menor, com 10 minutos. Meditativo, melancólico e tranquilizante, “The disintegration loops” ganhou uma versão especial, comemorativa, em vinil e CD, em 2012, tendo sido recriado ao vivo no Museu Metropolitano de Arte, em NY, e depois durante a Bienal de Veneza.
Indicações: pesadelos com patos amarelos gigantes.
Boa noite…