Audio Rebel versão Chico Dub

Audio Rebel versão Chico Dub

Chico Dub vai dar um efeito especial à Audio Rebel. Idealizador do festival Novas Frequências, ele assina a curadoria da cultuada casa de Botafogo numa série de eventos, iniciada ontem e que vai até o próximo domingo. Além da música, principal prato do local, o evento – batizado Audio Rebel Convida – vai ter instalação, dança, performance e fotografia (com uma exposição de Maurício Valladares, seguido por bate papo com ele, Raul Mourão e Chris Calvet, no sábado). A programação completa está aqui .

Aproveitando que ontem foi aniversário do Chico, mandei parabéns e três perguntas por email para ele, que, gentilmente, me respondeu tudo o que sabe.

1) Como e quando surgiu a ideia dessa curadoria? Frequentar a Audio Rebel, claro, deve ter ajudado muito. Pelo que entendi, você puxa o primeiro de uma série de eventos com curadoria que a casa vai fazer, certo?

CD – Na verdade este convite foi uma ideia minha. Sim, eu me convidei! Rss. É que eu frequento muito a Audio Rebel e já vi/ouvi praticamente todo o tipo de coisa acontecendo por lá. Então um dia (em setembro do ano passado, no show de Trevor Watts e Veryan Weston, dois grandes nomes do free jazz britânico) pensei, caramba, e se eu fizesse um tipo de ocupação aqui, uma espécie de mini-festival, durante sete dias consecutivos? E se de alguma forma tentasse buscar coisas tão ou mais diferentes e ousadas do que eles já estão fazendo? Pensando no nome do projeto, junto com o Pedro Azevedo, dono da Rebel, me veio o formato do ATP e do Meltdown, (festivais) onde a cada edição alguém diferente, geralmente um artista, assume a curadoria. Gosto muito deste formato porque pessoas novas trazem elementos novos pra mesa. No final das contas, o “Audio Rebel Convida” se tornou agora um projeto da Rebel.

Mauricio Valladares

(Divulgação/Maurício Valladares)

2) Dá pra dizer que é uma espécie de mini-Novas Frequências? No que difere e no que parece?

CD – Hmmm… A diferença é bastante grande, na verdade. A Rebel é um espaço para pouco menos de 100 pessoas cuja programação, por conta dos vizinhos, não pode passar das 22h. No Novas Frequências a programação passa por diversos palcos e espaços. A outra questão tem a ver com orçamento. Na Rebel, as contas se fecham com bilheteria, enquanto no Novas Frequências funcionamos com patrocínio por meio de lei de incentivo à cultura. No que parece? Liberdade.

3) Ao misturar diversas linguagens, e não usar apenas a música, que tipo de “história/narrativa” você quis contar com essa programação?

Dança, instalação, performance, música generativa, música de concerto contemporânea e bate-papo regado à música e fotografia não são coisas que se vêem normalmente na casa. O processo foi contribuir ainda mais com o leque de opções sonoras, trazer interações da música com outras formas artísticas e repensar o palco de uma casa de shows. No melhor estilo experimental, diria que é uma história/narrativa não linear mas que, sim, tem um fim: todo mundo (no domingo) catarticamente tocando junto por três horas na peça, sem roteiro, “Musicircus”, de John Cage.

(No alto, a dupla Beam Splitter, atração de quarta. Divulgação/Magnus Skavhaug)